terça-feira, 19 de agosto de 2008



CARTA DE UM FILHO PARA O PAI

"Acho que neste mundo ninguém procurou descrever seu próprio cemitério.
Não sei como meu pai vai recebê-lo, mas preciso de todas as forças em
quanto é tempo. Sinto muito meu pai, acho que este diálogo será o
último que tenho com o senhor, sinto muito mesmo. Sabe pai, está em
tempo de o senhor saber a verdade que nunca desconfiou. Vou ser breve
e claro, bastante objetivo.

O tóxico me matou, travei conhecimento com meu assassino aos 15 anos
de idade. É horrível não, pai? Sabe como nós conhecemos isto? Através
de um cidadão elegantemente vestido, bem falante, que me apresentou ao
meu futuro assassino: o tóxico.
Eu tentei recusar, tentei mesmo, mas o cidadão mexeu com o meu brio,
dizendo que eu não era homem, não é preciso dizer mais nada, não é pai?
Ingressei no mundo do tóxico. No começo foram as torturas, depois o
devaneio, a escuridão e já não fazia nada sem o tóxico. Depois veio a
falta de ar, o medo, as alucinações, e logo depois veio a euforia do
pico novamente, eu me sentia mais gente do que as outras pessoas e o
tóxico, meu amigo inseparável sorria, sorria.

Sabe, meu pai, a gente quando começa acha tudo ridículo e muito engraçado;
até Deus eu achava engraçado e ridículo.
Hoje no leito de um hospital, eu reconheço que Deus é muito importante, o
mais de tudo no mundo. E que sem a ajuda Dele eu não estaria escrevendo
esta carta.

Pai, eu só tenho 19 anos, e sei que não tenho a menor chance de viver.
É muito tarde para mim, mas para o senhor meu pai, tenho um último pedido
a fazer: mostre esta carta a todos os jovens que o senhor conhece.
Diga a eles que em cada porta de escola, em qualquer lugar, há sempre um
homem elegantemente vestido e bem falante que irá mostrar-lhes o futuro
assassino e destruidor de suas vidas e que os levará à loucura e à morte,
como aconteceu comigo.

Por favor, faça isso, meu pai, antes que seja tarde demais para eles.

Perdoa-me pai ... já sofri demais, perdoa-me também por fazê-lo sofrer pelas
minhas loucuras.

Adeus, meu pai".


Desconheço o autor

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©2007 '' Por Elke di Barros